domingo, 20 de maio de 2012
ANDORINHA DAS CHAMINÉS-Discussão
Andorinha-das-chaminés
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Hirundo rustica
Hirundo rustica
Estado de conservação
Status iucn3.1 LC pt.svg
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Hirundinidae
Género: Hirundo
Espécie: H. rustica
Nome binomial
Hirundo rustica
(Linnaeus, 1758)
Distribuição geográfica
██ Reprodução██ Invernagem██ Residente
██ Reprodução
██ Invernagem
██ Residente
Subespécies
ver texto
Sinónimos
Hirundo erythrogaster (Boddaert, 1783)
A andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), também conhecida no Brasil como andorinha-de-bando ou andorinha-de-pescoço-vermelho, é uma pequena ave migratória pertencente à família das andorinhas (Hirundinidae). É a espécie de andorinha mais amplamente distribuída no mundo,[1] podendo ser encontrada na Europa, África, Ásia, Américas e norte da Australásia. É a única espécie do género Hirundo cuja área de distribuição geográfica inclui as Américas, com a maioria das espécies desse género sendo nativas de África.[1][2]
Alimenta-se exclusivamente de insetos, que captura em pleno voo,[3] pelo que migra para climas com abundância de insetos voadores. Ambos os sexos possuem a parte superior da cabeça e do corpo azuladas, uma cauda comprida profundamente bifurcada e asas curvadas e pontiagudas.[1] Pode ser encontrada tanto em campo aberto como em aldeias e vilas. Constrói ninhos fechados em forma de taça com lama e palha em celeiros, estábulos ou outros locais semelhantes,[1][4] por vezes em colónias. A sua proximidade ao homem é de forma geral tolerada devido aos seus hábitos insetívoros; esta convivência foi reforçada no passado por superstições acerca da ave e do seu ninho. Existem numerosas referências literárias, culturais e religiosas à andorinha-das-chaminés, derivadas da sua presença junto do homem e da sua conspícua migração anual.[1][5][6] A andorinha-das-chaminés é a ave nacional da Estónia.[7][8]
Existem seis subespécies de andorinha-das-chaminés geralmente aceites. Quatro destas são migratórias, nidificando no hemisfério norte e invernando no hemisfério sul, chegando a ser avistadas tão ao sul como a Argentina central, a província do Cabo na África do Sul e o norte da Austrália.[1] Apesar de poderem ocorrer flutuações locais nas populações devido a ameaças específicas, como a construção de um novo aeroporto internacional perto de Durban,[9] possui uma grande área de distribuição geográfica e uma grande população global, pelo que não se considera que se encontre globalmente ameaçada.[10]
Índice
Taxonomia
A andorinha-das-chaminés foi descrita em 1758 pelo zoólogo sueco Carolus Linnaeus no seu livro Systema Naturae como Hirundo rustica, caracterizada como H. rectricibus, exceptis duabus intermediis, macula alba notatîs.[11] O nome genérico, Hirundo, é uma palavra em latim, que significa 'andorinha', enquanto o nome específico, rustica, significa 'do campo'.[12][13] No norte da Europa é normalmente conhecida como a andorinha, apesar do termo se referir de forma mais abrangente a diversos membros da família Hirundinidae.[2]
Existem poucos problemas taxonómicos dentro do género, mas no passado a Hirundo lucida - residente na África Ocidental, bacia do Congo e Etiópia - era considerada uma subespécie da andorinha-das-chaminés. No entanto, a Hirundo lucida é ligeiramente menor, tem uma banda peitoral mais estreita, os adultos têm guias caudais mais curtas e em voo aparenta ter a parte inferior do corpo mais clara.[14]
Características
H. r. rustica, Alemanha.
O macho adulto da subespécie nominal H. r. rustica tem 17–19 cm de comprimento, uma envergadura de 32–34 cm e um peso de 16-22 g. Possui dorso e costas azuis escuras metálicas, testa, queixo e garganta ruivas, e uma grande banda peitoral azul escura separando a garganta da barriga esbranquiçada. A cauda é profundamente bifurcada e as guias caudais muito longas, com um comprimento de 2–7 cm.[3] Em voo, a cauda mostra uma fila de pintas brancas ao longo do bordo exterior da sua parte superior.[3][4] Tem olhos pretos, patas curtas de cor preta cobertas com uma penugem branca e um bico pequeno, fino e preto.[4] A fêmea é semelhante ao macho, mas as guias caudais são mais curtas, o azul da parte superior do corpo e da banda peitoral não é tão brilhante e a barriga é mais pálida. Os juvenis são mais acastanhados e pálidos, e não possuem as longas guias caudais dos adultos.[1]
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Gravação de andorinhas-das-chaminés, Nova Jérsei
Gravação de andorinhas-das-chaminés, Minnesota
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A combinação da face ruiva com a banda peitoral azul distinguem a andorinha-das-chaminés das outras espécies africanas do género Hirundo, e da Hirundo neoxena na Australásia.[1] Em África, os juvenis podem ser confundidos com os juvenis de Hirundo lucida devido ausência das longas guias caudais dos adultos, mas esta última possui uma banda peitoral mais estreita e mais branco na cauda.[14]
O canto do macho é um chilreio alegre, frequentemente terminando com su-seer, com a segunda nota mais alta do que a primeira mas caindo em tom. Os chamamentos incluem repetitivos witt ou witt-witt[15] e um splee-plink alto quando excitado.[3][16] As vocalizações de alarme incluem um siflitt agudo para predadores como gatos e um flitt-flitt para aves de rapina como os falcões.[17] Esta espécie não é muito ruidosa nos locais onde inverna.[18]
Subespécies
H. r. erythrogaster, Washington, Estados Unidos.
Existem seis subespécies de andorinha-das-chaminés geralmente aceites. Na Ásia Oriental, foram propostas várias formas adicionais ou alternativas, incluindo H. r. saturata por Robert Ridgway em 1883,[19] H. r. kamtschatica por Benedykt Dybowski em 1883,[20] H. r. mandschurica por Wilhelm Meise em 1934[19] e H. r. ambigua por Erwin Stresemann.[21] Dadas as incertezas sobre a validade destas formas,[20][22] este artigo segue o tratamento de Turner e Rose.[1]
H. r. rustica, a subespécie nominal, reproduz-se na Europa e no Sudoeste Asiático, chegando até ao Círculo Polar Ártico a norte, ao Norte de África, Médio Oriente e Siquim a sul, e ao rio Ienissei a oriente; e inverna na África subsariana, na Arábia e no subcontinente indiano.[1] As aves que invernam no sul da África provêm da Eurásia até à longitude 91ºE,[23] e há registos de indivíduos que percorreram até 11 660 km durante a sua migração anual.[24]
H. r. erythrogaster, a subespécie americana, descrita por Pieter Boddaert em 1783,[19] difere da subespécie nominal pelo facto de possuir a barriga avermelhada e pela banda peitoral negra, mais estreita e por vezes incompleta. Reproduz-se por toda a América do Norte, do Alasca ao sul do México, migrando para as Pequenas Antilhas, Costa Rica, Panamá e América do Sul durante o inverno.[18] Algumas aves podem invernar no sul da área geográfica de reprodução.
H. r. gutturalis, Japão.
H. r. gutturalis, descrita por Giovanni Antonio Scopoli em 1786,[19] tem a barriga mais pálida e uma banda peitoral incompleta.[25] Reproduz-se na Ásia Oriental, dos Himalaias centrais e orientais até ao Japão e à Coreia; e inverna na Ásia Meridional, da Índia e Sri Lanka até à Indonésia e Nova Guiné, embora um número crescente de indivíduos inverne no norte da Austrália. Hibridiza com a H. r. tytleri na zona do rio Amur. Acredita-se que em tempos estas duas subespécies eram geograficamente separadas, mas a abundância de locais seguros para construir os ninhos proporcionada pela expansão humana levou à sobreposição das suas áreas de distribuição geográfica.[1] A H. r. gutturalis é por vezes observada no Alasca e em Washington,[26] mas é facilmente distinguida da H. r. erythrogaster pela barriga avermelhada desta última.[1]
H. r. savignii, a subespécie residente egípcia, descrita por James Francis Stephens em 1817 e batizada em honra do zoólogo francês Marie Jules César Savigny,[27] é semelhante à H. r. transitiva, que também possui barriga alaranjada-avermelhada, mas a H. r. savignii possui uma larga banda peitoral completa e o vermelho da sua barriga é mais puro.[17]
H. r. tytleri, descrita por Thomas Jerdon em 1864 e batizada em honra do soldado, naturalista e fotógrafo britânico Robert Christopher Tytler,[19] tem barriga de um escuro e profundo vermelho-alaranjado e uma banda peitoral negra incompleta. A cauda é também mais longa.[25] Reproduz-se na Sibéria central; e inverna no Sueste Asiático, do Bangladesh até à Tailândia e Malásia.[1]
H. r. transitiva, descrita por Ernst Hartert em 1910,[19] possui barriga vermelha-alaranjada e uma banda peitoral incompleta. Reproduz-se no Médio Oriente, do sul da Turquia até Israel; é parcialmente residente, apesar de algumas aves invernarem na África Oriental.[1]
Habitat e migração
Habitat
Juvenil de H. r. rustica, Cambridgeshire, Inglaterra.
Os seus habitats preferidos são campos abertos com vegetação baixa, tais como prados, pastos e campos de cultivo, de preferência junto à água. Esta espécie evita áreas escarpadas, demasiado arborizadas ou densamente urbanizadas. A presença de estruturas abertas, tais como celeiros ou estábulos, onde construir os ninhos, e locais expostos como cabos elétricos suspensos, beirais ou ramos nus para empoleiramento, também são importantes para a seleção da zona de nidificação.[3] Tipicamente, reproduz-se no hemisfério norte até aos 2 700 m de altitude,[10] embora possa chegar aos 3 000 m no Cáucaso[3] e na América do Norte,[28] estando apenas ausente dos desertos e das zonas setentrionais mais frias dos continentes. Na maioria da sua área de distribuição geográfica é uma espécie rural, sendo substituída nas áreas urbanas europeias pela andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum). No entanto, em Honshu a andorinha-das-chaminés é uma ave mais urbana, sendo substituída pela andorinha-dáurica (Cecropis daurica) nas zonas rurais.[1]
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