quinta-feira, 17 de maio de 2012

ARTIGO KITSCH-eleito destacado. Discussão


Kitsch Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa Um leão de jardim Kitsch é um termo de origem alemã de significado e aplicação controversos. Usualmente é empregado nos estudos de estética para designar uma categoria de objetos vulgares, baratos, de mau gosto, sentimentais, que copiam referências da cultura erudita sem critério e sem atingirem o nível de qualidade de seus modelos, e que se destinam ao consumo de massa. Embora o kitsch apresente a si mesmo como "profundo", "artístico", "importante" ou "emocionante", raramente estes qualificativos são adquiridos por características intrínsecas ao objeto, antes derivam de associações externas que seu público estabelece. É uma expressão essencialmente figurativa, sendo difícil detectá-lo nas artes abstratas, pois depende de um conteúdo narrativo para exercer seu efeito.[1] Alguns autores entendem o kitsch como uma atitude e um espírito geral de complacência e supressão do senso crítico, que pode se estender a áreas bem distintas da arte, como a política, a religião, a economia, o erotismo e praticamente toda a esfera da vida humana, e sua estética, de enorme penetração na psicologia das massas, muitas vezes é usada pelas elites para dirigir a opinião pública, seja na forma de publicidade comercial, educação escolar, propaganda partidária ou iconografia religiosa.[2][3][1] É um produto da industrialização e da cultura de massa, sendo considerado típico da classe média com pretensões de ascensão social, mas nos círculos ilustrados emprega-se o termo frequentemente com intenção pejorativa e como reprovação moral. Entretanto, o kitsch é um fenômeno de largo alcance, movimenta uma indústria milionária e para grande número de pessoas constitui, mais do que uma simples questão de gosto, todo um modo de vida, tendo para este público todos os atributos da legitimidade. Apareceu de forma importante também na produção de muitos artistas influentes do "grande circuito", e quase toda a arte, arquitetura e design pós-modernos apresentam características que podem ser classificadas como kitsch. Hoje em dia a tradicional distinção entre ele e a cultura erudita dificilmente se sustenta em bases objetivas.[4][3] Índice Etimologia, origens, primeiros estudos A palavra kitsch tem uma origem pouco clara. Segundo o dicionário etimológico de Friedrich Kluge, a palavra surgiu entre pintores alemães em torno de 1870. Talvez estivesse associada ao ato de atravancar, amontoar detritos ou barro nas ruas, kitschen, e ao instrumento com que isso era feito, Kitsche. No dialeto do sul da Alemanha significava também fazer móveis novos a partir de velhos. Também poderia estar ligada à palavra verkitschen, que significa trapacear, vender uma coisa no lugar de outra. Outras palavras alemãs com a mesma terminação "tsch" comumente se referem a coisas vulgares, ingênuas, sentimentais ou infantis. Richard Avenarius relatou outra origem possível, indicando ter aparecido em Munique a partir da palavra inglesa sketch, esboço, aplicado a pinturas baratas de baixa qualidade na intenção de classificá-las como "lixo".[5] Para Gilbert Highet, contudo, a palavra pode derivar do russo kitchit'sya, significando "ser desdenhoso e orgulhoso",[4] e já foi aventado que seja um trocadilho com o termo francês chic, chique. O que importa é saber que desde sua origem kitsch assumiu uma conotação negativa.[6] Cartão de Valentine's Day de 1920 Alguns críticos, como Abraham Moles,[7] Arthur Koestler e Susan Sontag, entendem que o kitsch é um fenômeno recorrente na história da arte, mas a maior parte dos estudos concorda que se trata de uma manifestação cultural recente, derivando dos avanços na industrialização e na tecnologia em geral, da ascensão da classe média, da crescente urbanização, do afluxo em massa dos camponeses às cidades, da dissolução das culturas tradicionais e dos folclores, da maior educação do proletariado, da conquista de maior tempo para o lazer e do surgimento da chamada cultura de massa. Gillo Dorfles afirmou que os pressupostos da definição atual de kitsch não existiam na arte pré-moderna, que tinha funções e características em tudo distintas da modernidade,[8] e Hermann Broch considerou-o um filho do Romantismo, compartilhando com ele traços como sentimentalismo e amor ao drama e ao exagero, e definindo beleza como uma característica imanente ao objeto, não mais como era antes, um objetivo transcendente que uma obra finita jamais poderia alcançar.[9] Mesmo que algo como o kitsch possa de fato ter existido antes do século XIX, foi a partir deste período que ele passou a assumir um papel de destaque no mundo da cultura, chegando a estar presente hoje em toda parte.[10] O primeiro estudo a respeito foi realizado por Fritz Karpfen (Der Kitsch: eine Studie über die Entartung der Kunst, 1925), onde o conceito recebeu o significado de degenerado, sendo usado em seguida pelos nazistas para informar sua política repressora sobre a arte de vanguarda. Walter Benjamin iniciou seus estudos sobre o kitsch no final da década de 1920, continuando-os até os anos 40. Para ele kitsch era uma abordagem que dissolvia a distinção entre arte e objeto utilitário, tendo características que anulavam o distanciamento respeitoso invocado pela arte e favoreciam um senso de intimidade sentimental, apelando para a gratificação imediata do público e para o consumo fácil, sem exigir um esforço de elaboração intelectual a respeito do objeto.[11] Theodor Adorno, trabalhando na mesma época, identificou sua origem na cultura de massa e na industrialização,[12] e Norbert Elias escreveu um importante ensaio em 1935, The Kitsch Style and the Age of Kitsch, onde delineou uma cronologia e disse que o kitsch não é definível em relação a qualquer norma estética atemporal e nem pelo gosto da elite, sendo uma falsa categoria estética de uma sociedade que perdeu a confiança em seu próprio estilo.[13] Hans Reimann participou do debate com seu Das Buch vom Kitsch (1936) e Clement Greenberg escreveu em 1939 o artigo Avant-Garde and Kistch, condenando o uso político do kitsch pelos nazistas e afirmando a natureza irreconciliável da oposição entre o kitsch e a arte de vanguarda, definindo o estilo como "a arte da cópia" e das "sensações falsas". Greenberg foi uma notável exceção nos estudos sobre a matéria, que foram desenvolvidos quase exclusivamente por alemães até os anos 70. Embora a definição de Benjamin tivesse se tornado dominante neste intervalo, de acordo com Wilfried Menninghaus sua importante contribuição é muitas vezes negligenciada pelos pesquisadores mais recentes.[11][12] O kitsch e a estética Características gerais e a dinâmica arte popular x arte erudita William-Adolphe Bouguereau: Amor observando, 1890, um exemplo da arte acadêmica condenada pelos modernistas como kitsch Marilyn, 1964, detalhe de obra célebre de Andy Warhol Publicidade de um gadget dos anos 50: umedecedor de selos em forma de dentadura com língua exposta. A legenda original dizia: "Lamba-os com um sorriso! ... Garantimos que não vai morder!" Embora Moles o descreva acima de tudo como "uma maneira de ser",[14] o conceito de kitsch é mais empregado no terreno da estética. Sua definição não é fácil, pois, baseando-se geralmente em juízos de valor, padece das inconsistências comuns a todos os tipos de valorações, que variam segundo os tempos, os grupos sociais, as preferências individuais e as geografias, mas geralmente é tido, em suma, como sinônimo de algo banal, barato e de mau gosto. Muitas vezes é considerado uma oposição completa ao conceito de arte, enquanto outras vezes ele é aceito como arte, mas de má qualidade. A despeito dos esforços dos eruditos em estabelecer definições claras, é problemática a identificação de traços objetivos para descrever um objeto como kitsch. Como observou Tomáš Kulka, tipicamente falta-lhe uma estrutura caracterológica intrínseca que possibilite demonstrar cabalmente que um objeto é de mau gosto ou de escasso valor estético, contrapondo-o ao mundo da "arte", ou pelo menos da arte erudita, e as análises geralmente se baseiam em conceitos paralelos derivados da antropologia, sociologia ou da história para reforçar suas conclusões.[15] Em que pese a ressalva do autor, vários outros estudiosos apontaram indícios genéricos do que é um objeto kitsch. Entre eles, como se encontra nos sumários do Instituto Itaú Cultural, se destacam: falsificação de materiais (madeira pintada como mármore, objetos de zinco dourados como bronze, sempre procurando aparentar ser algo mais nobre do que é); preferência pela cópia ou adaptação de modelos eruditos; distorções em relação ao modelo original; uso de cores vivas ou em combinações exóticas; tendência ao exagero, ao empilhamento e à acumulação; onivoria e sincretismo;[12] dinamismo, fluência e inconstância; tendência sentimental; funcionalidade deslocada ou minimizada pela ênfase no decorativismo; tradução de um código complexo para um mais simples, ao mesmo tempo que dissemina o produto de um público reduzido para um mais vasto.[16] Moles acrescentou a estes traços os de propósito hedonista e ocasionalmente humorístico, alguma dose de surrealismo, alienação, dependência da indústria (é um produto), autenticidade no que se propõe (espontaneidade), heterogeneidade, percepção sinestésica, mediocridade (no sentido de que se adequa ao gosto médio e é por isso democrático), universalidade, ofelimidade, urbanidade e permanência, dizendo jocosamente que ele é tão permanente quanto o pecado.[17] Além disso, Călinescu assinalou que o kitsch pode aparecer somente na dependência de contextos específicos, sem que seus objetos constituintes o sejam, remetendo ao princípio de inadequação estética com característico do kitsch e dando como exemplo hipotético a instalação de um autêntico quadro de Rembrandt no elevador de uma residência milionária. Outros exemplos podem ser materiais descartados usados como decoração, tais como livros estragados, cartões-postais velhos, banheiras antigas enferrujadas e assim por diante.[18] Desde os louvores de Rimbaud ao "lixo poético" e às "pinturas estúpidas", passando pelas irreverências dadaístas e as extravagâncias oníricas dos surrealistas, a arte de vanguarda no século XX primou pelo uso de uma enorme variedade de procedimentos heterodoxos no intuito de derrubar todas as tradições e questionar as bases da própria arte, emprestando-os diretamente do kitsch por suas virtudes irônicas e iconoclastas.[19] Neste processo em que o kitsch foi incorporado pela vanguarda ao universo da arte culta, a produção da arte acadêmica, antes a forma culta dominante, se tornou reversamente sinônimo de kitsch, acusada de artificial, previsível, estereotipada, banal, sentimental, mercantilista e insensível às demandas por uma nova sociedade.[20][21][22] Quando a vanguarda afinal entrou na moda, isso em meados do século, o kitsch passou a ganhar uma espécie de prestígio negativo, mesmo entre os círculos intelectuais mais sofisticados. Então ele foi incorporado pela cultura camp, onde o mau gosto era cultivado deliberadamente como se fosse um refinamento superior. Susan Sontag cristalizou esta filosofia na frase "é belo porque é feio", que veio a se tornar uma corrente de grande peso na cultura norte-americana do pós-guerra, e dali passou a influenciar uma verdadeira ressurreição do kitsch em larga escala, chegando a ganhar espaço em alguns museus respeitados, redimido pela sensibilidade camp.[19] Ao mesmo tempo, a arte pop também o tomou como referência importante, num período em que a massificação da cultura começava a se tornar um fenômeno global e se tornava tema artístico por si mesma. Vários artistas destacados desta escola, como Andy Warhol, Roy Liechtenstein e Richard Hamilton, incorporaram, como crítica social ou como humor, traços kitsch e ícones populares em suas obras, tais como fragmentos de histórias em quadrinhos e imagens de astros do cinema, contribuindo para tornar a arte culta mais acessível às massas e livrar um pouco o kitsch de suas conotações negativas.[23] Este período coincidiu, segundo Moles, com a crise do funcionalismo - a estética típica da Bauhaus e um dos grandes adversários do kitsch - e com o encerramento do ciclo do "kitsch histórico", dando lugar ao "neo-kitsch", quando ocorreu grande expansão nos varejos e consolidou-se a "estética das redes de supermercado", onde primam o princípio da uniformidade e o da obsolescência acelerada dos bens de consumo, estimulada pela criação de necessidades artificiais e pela introdução de processos de extinção programada daqueles bens. Entra em cena um elemento lúdico, popularizam-se o plástico e os gadgets, e o discurso oficial prega "conforto e felicidade para todos".[24] Jeff Koons: Puppy, 1992, escultura contemporânea na forma de um cão gigante realizada com flores Anões de jardim O Castelo da Bela Adormecida na Disneylândia Esgotando-se as vanguardas modernistas, que haviam assumido a responsabilidade de destruir a tradição e inventar um novo paradigma de cultura, consolidou-se a partir dos anos 80 a pós-modernidade, desenvolvendo uma ampla, flexível e pluralista revisão do passado artístico da sociedade ocidental e questionando se toda aquela destruição teria valido a pena. Aqui o fenômeno kitsch adquiriu foros de verdade artística, e o que para os modernos era mau gosto e tradição foi reincorporado como citação positiva em obras pós-modernas numa frequência tal que se tornou lugar-comum, em evocações nostálgicas ou piedosas, referências irônicas, humor, combinações anárquicas, contraditórias e carnavalescas de estilos históricos díspares, anacronismos deliberados, paráfrases e comentários.[25] A situação se tornou complexa ao ponto de que os limites da arte se tornaram atualmente tão fluidos e vagos que fica extremamente difícil o julgamento crítico mesmo para os peritos no assunto.[15] Assim como o kitsch sempre dependeu da referência culta, a sua apropriação pela cultura erudita continua sendo uma tendência forte, a exemplo da influente obra de artistas como Jeff Koons, Damien Hirst, Mariko Mori e Bansky, que transformam-no em vanguarda estética.[23][26] Aspectos centrais O problema básico que o kitsch levanta para a crítica é o relativismo do que se considera bom ou ruim. Vários autores recentes têm acentuado a importância desse relativismo como forma de legitimação da alteridade, mas novamente Kulka fez notar que embora bom ou ruim sejam conceitos relativos, o são em referência a um determinado contexto cultural onde valores gerais persistem válidos, sem significar que o relativismo possa ser reduzido a um problema de gosto pessoal. Também disse que embora o kitsch tenha sido cooptado por artistas cultos, raramente ele em sua pureza conseguiu ganhar reconhecimento da crítica por suas virtudes próprias, já que na maior parte das vezes é usado de forma consciente por aqueles artistas como elemento citacional de ironia, paródia ou crítica social e cultural.[15] Acima de tudo, o que parece essencial ao conceito é sua carga emotiva,[27] e para ser eficiente ele precisa ser explicitamente narrativo, facilmente compreensível pelo seu público.[1] Objetos kitsch como regra desencadeiam uma resposta emocional automática e irrefletida. Gatinhos de porcelana, bonecos de pelúcia, anões de jardim, paisagens tropicais estereotipadas com coqueiros ao por-do-sol, representações de mães com bebês ou de crianças chorando, postais de vilas nevadas na Suíça, essas e outras imagens recorrentes no mundo kitsch são descritas como bonitinhas, ou mesmo belas, simpáticas, doces e outros adjetivos afetuosos, que descrevem emoções universais, ao mesmo tempo em que invocam uma certa autocomplacência, manifesta no reconhecimento daquela universalidade e de que a resposta emocional foi correta. Milan Kundera refletiu que "o kitsch provoca duas lágrimas em rápida sucessão. A primeira diz: Que lindo é ver crianças correndo pelo gramado! A segunda diz: Como é bom sentir-se tocado, junto com toda a humanidade, ao ver crianças correndo pelo gramado! É a segunda lágrima que faz o kitsch ser kitsch".[27] Ao contrário da arte contemporânea, que em suas formas mais radicais pretende a subversão do sistema criando novos parâmetros culturais, perceptivos e ideológicos, o objetivo do kitsch não é criar novas expectativas, nem desafiar o status quo, mas sim agradar ao maior número de pessoas possível satisfazendo as expectativas já existentes, explorando impulsos humanos básicos relativos à família, à raça, à nação, ao amor, à nostalgia, às crenças religiosas, às posições políticas,[27] podendo tornar-se, mais do que uma preferência estética, uma forma de vida se a ausência de questionamento e a aversão a encarar o lado sombrio da existência forem reiteradas consistentemente.[28] Para Abraham Moles, o kitsch é "a arte da felicidade".[29] Outra faceta disso é a infantilização do imaginário popular, com exemplos óbvios na estética da Disneylândia - chamada por Baudrillard de "microcosmo do ocidente" - e na proliferação dos cartoons japoneses, ambos dinamizando mercados riquíssimos.[26][30][31][32] Bert Olivier entendeu que desde o florescimento da pós-modernidade a cultura contemporânea parece especialmente afeita à sedução do kitsch, enfatizada por um deslocamento da atenção do objeto de desejos para a busca de sentimentos substitutivos de caráter egocêntrico. Isso se manifesta na preferência por imagens descontextualizadas, imitações e simulacros, numa cultura saturada de imagens e permeada de virtualidade como é a contemporânea. Disse que esta impressão é corroborada pela onipresença de produtos "viciantes" como telenovelas açucaradas, filmes pasteurizados de Hollywood e videogames excitantes, que oferecem intensidade emocional na ausência de objetos reais, e, com suas cenas de conflito contra opressores fictícios resolvidas de encomenda, eliminam a necessidade do observador de identificar os opressores no mundo real e combatê-los, funcionando como uma catarse vicarial.[33] Apreciações Ainda que hoje em dia o kitsch já receba visões favoráveis, muitos estudos ainda o interpretam negativa ou derrisoriamente, quando não continuam citando condenações morais que lhe foram lançadas há muitos anos, o que tem sido apontado como evidência de elitismo, arrogância e etnocentrismo na acepção do conceito, usado pelas classes dominantes para desqualificar a arte que agrada o povo inculto.[34][35] Como exemplos, na opinião de Hermann Broch, quem produz objetos kitsch não é só um mau artista, é acima de tudo "um depravado, um criminoso que deseja o mal radical",[36] Roger Scruton considerou-o sinal de uma deficiência emocional, uma estética cruel que "transforma o ser humano em uma boneca, que num momento cobrimos de beijos e no outro despedaçamos",[37] e para Umberto Eco o kitsch é uma quase nulidade, não passa de "uma citação incapaz de produzir um contexto novo".[38] Porém, ignorando as censuras, tornou-se um fenômeno global e um gigantesco sucesso comercial, e neste ponto está em grande vantagem em relação à arte culta. Francis Frascina, constatando essa universalidade, comentou: Cartaz de propaganda soviética com a exortação: Estude o Grande Caminho do Partido de Lênin e Stalin! "O kitsch não se confinou às cidades onde nasceu, mas derramou-se pelo campo, substituindo as culturas folclóricas. Nem demonstrou levar em consideração fronteiras geográficas e culturais. Sendo um outro produto do industrialismo ocidental, saiu em um tour triunfante em volta do mundo, eliminando e desfigurando culturas nativas em um país colonizado após outro, de modo que atualmente está em
vias de se tornar uma cultura universal, a primeira cultura universal da história. Hoje o chinês, não menos do que o índio sulamericano, o hindu, não menos que o polinésio, preferem capas de revista, estampas em série e garotas de calendário em vez dos produtos de sua arte nativa. Como esta virulência, esta atração irresistível, pode ser explicada? Naturalmente, o kitsch industrializado é mais barato do que um artefato feito à mão, e o prestígio do ocidente também ajuda, mas por que o kitsch dá muito mais lucro do que um Rembrandt? Mais uma vez, porque tudo pode ser copiado de forma mais barata".[39] Sua influência se torna tão penetrante também porque ele anda paralelo ao processo moderno de educação das massas, estando presente em escolas e na propaganda oficial na forma de simbologias e iconografias estereotipadas a respeito da pátria, da família, da moralidade, dos costumes e valores, que tendem a criar uma consciência coletiva complacente e alienada da realidade,[40][41][42] sendo notórios os casos extremos de Hitler, Stalin e Franco, entre outros, que usaram sua estética programaticamente para alcançar objetivos totalitários e formar um gosto nacional.[43][44][45]

Nenhum comentário:

Postar um comentário