segunda-feira, 21 de maio de 2012
EDGAR ALAN POE/The Shadow of Edgar Allan Poe
Morte de Edgar Allan Poe ARTIGO/LITERATURA
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Mausoléu onde jaz o corpo de Poe, no Westminster Hall and Burying Ground.
A morte de Edgar Allan Poe ocorreu no dia 7 de outubro de 1849, quando o escritor tinha quarenta anos de idade. Cercada de mistério, sua causa ainda é discutida. Quatro dias antes de falecer, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, Maryland, em um estado delirante. Segundo Joseph W. Walker,[1] a pessoa que o encontrou, o escritor estava "muito angustiado, e (...) precisava de ajuda imediata".[2] Poe foi levado ao hospital da Universidade Washington (Washington College Hospital), onde morreu num domingo, às 5 horas de 7 de outubro. Em nenhum momento o escritor contou com a lucidez necessária para explicar de forma coerente como havia chegado àquele estado.
Grande parte da informação existente sobre os últimos dias de sua vida provém do médico John Joseph Moran, que o tratou no hospital.[3] Depois de um pequeno funeral, Poe foi enterrado no cemitério anexo à igreja de Westminster (Westminster Hall and Burying Ground) mas, anos mais tarde, em 1875, seus restos mortais foram transferidos para um monumento maior. Este último marca também o lugar de enterro de sua esposa, Virginia, e o de sua sogra, Maria Clemm.
As teorias sobre as causas da morte do escritor incluem suicídio, assassinato, cólera, raiva, sífilis e ter sido capturado por agentes eleitorais que o teriam forçado a beber para fazê-lo votar e abandonaram-no, já em estado de embriaguez, à sua sorte.[4] Contudo, a evidência a respeito da influência do álcool é incerta.[5]
Dois dias depois da morte de Poe, apareceu um obituário assinado por "Ludwig", que logo se revelou sendo, na verdade, o crítico e antologista Rufus Wilmot Griswold, que mais tarde se converteu no executor literário efetivo das obras de Poe, apesar de ter sido um de seus rivais, e que posteriormente publicou a sua primeira biografia completa, retratando-o como um depravado, bêbado e louco tomado pelas drogas, chegando inclusive a falsificar cartas do poeta como prova disso.[6] Acredita-se que grande parte das evidências utilizadas para construir essa imagem foram forjadas por Griswold e, apesar de muitos amigos de Poe terem denunciado o biógrafo,[7] foi a interpretação que teve um impacto mais duradouro no meio popular.
Índice
Contexto prévio
Virginia Clemm, prima e esposa de Poe, morta em 30 de janeiro de 1847 por causa de tuberculose.
Depois da quebra de sua publicação, o Broadway Journal, em 1846,[8] Poe se refugiou do público, junto a sua esposa que então estava doente, Virginia, em busca de ar puro em um chalé (o famoso cottage) situado na seção Fordham do Bronx, Nova Iorque.[9] Lá, em 30 de janeiro de 1847, Virgínia faleceu em decorrência de uma tuberculose que perdurava por cinco anos.[10] Seus biógrafos e críticos sugerem que o assunto, frequente na obra de Poe, da "morte de uma bela mulher" tem origem na repetida perda de suas mulheres ao longo de sua vida, incluindo a sua esposa.[11]
Instável após a morte de sua esposa, Poe tentou cortejar a poetisa Sarah Helen Whitman, que havia ficado viúva recentemente e vivia em Providence, Rhode Island.[12] Nessa época, ele também conheceu Annie Richmond, outro objeto de seu amor. Poe voltou por um tempo a Richmond, e foi lá onde se reencontrou com uma noiva de sua juventude, Sarah Elmira Royster, que também havia enviuvado pouco tempo atrás.[12] Atraído por Whitman, Poe retornou para o norte e lhe propôs o casamento; enquanto esperava a resposta, ficou na casa de Annie Richmond.[13] Foi ao deixar Richmond que o escritor cometeu uma suposta tentativa de suicídio com láudano, que acabou vomitando antes que surtisse efeito.[13] Uma vez na casa de Helen, ela aceitou o noivado, sob promessa expressa de que Edgar abandonaria todo tipo de droga ou estimulante. Posteriormente, Poe voltou a Fordham para visitar Maria Clemm.[13] Na véspera do casamento, Helen soube de suas visitas a Annie Richmond e de todos os rumores existentes sobre sua relação, além de uma suposta saída com amigos na qual havia bebido, sem chegar, no entanto, a se embriagar.[13] Isso significou supostamente o fim do compromisso; contudo, há provas contundentes que demonstram que a mãe de Whitman interveio para separá-los.[14]
Poe ficou recluso de janeiro a junho de 1849 em Fordham junto de sua tia e sogra. Lá, tentou distanciar-se dos rumores que o tinham nauseado,[15] tratando de publicar e editar. Em julho e sem que se saiba a razão, Poe abandonou Nova Iorque e voltou para Richmond,[15] onde retomou sua relação com Elmira.[16] Eles assumiram compromisso em setembro e marcaram seu casamento para o mês seguinte. O escritor ainda decidiu regressar para o norte, em busca de Maria Clemm, para que ela assistisse ao casório.[17] A partir desse momento, não houve mais informações suas, até a sua repentina aparição em Baltimore.
Últimas cartas e obras
O chalé onde morreu Virginia e onde Poe passou seus últimos meses, recluso.
Quanto a seu trabalho literário de 1849, nos seus últimos poemas o sentimento dominante é de uma intensa melancolia, às vezes visionária, como observado em To my mother, Annabel Lee, The Bells. Seus relatos parecem, alguns, fruto do desespero e do derrotismo mundanos (Hop-Frog) e outros simplesmente da aspiração de paz e beleza definitivas, como em El cottage de Landor (seus últimos versos). Dentro da obra epistolar de Poe, intensa durante toda sua vida, é particularmente chocante a leitura daquela de seus últimos meses. Nessas cartas o poeta dava provas contínuas de seu deplorável estado de saúde física e mental.
"Cheguei aqui com dois dólares, dos quais te mando um. Oh, Deus, minha mãe! Nos veremos outra vez? Oh, VEM se podes! Minhas roupas estão em um estado tão horrível e me sinto tão mal..."
—A Maria Clemm, recém chegado a Richmond.[17]
Em uma carta também de seus últimos meses (para Maria Clemm, em Richmond, 19 de julho de 1849), reconhece haver sofrido um delirium tremens:
"Durante mais de dez dias estive totalmente transtornado, fora de mim, ainda que não tenha bebido uma só gota [de álcool]; durante esse lapso, imaginei as calamidades mais atrozes. Foram somente alucinações, consequência de um ataque como jamais havia experimentado em minhas carnes, um ataque de mania-à-potu [delirium tremens]."[18]
O pressentimento de seu iminente final aparece em uma carta a sua noiva Annie Richmond (abril ou maio de 1849).
"Tais considerações meramente mundanas carecem do poder de me deprimir... Não, minha tristeza é inexplicável, e isto me entristece mais ainda. Estou repleto de tenebrosos pressentimentos. Nada me anima, nada me consola. Minha vida parece feita para se perder; o futuro me parece um terreno baldio pavoroso, mas penso em seguir lutando por ter 'esperança contra toda esperança'."[19]
Em uma de suas últimas cartas a Maria Clemm Poe expressa diretamente seu desejo de morrer pedindo, inclusive, à sua tia, o único ser vivo com o qual tinha uma afetividade terna, que morresse ao seu lado:
"Não nos resta senão morrer juntos. Agora já de nada serve argumentar comigo; não posso mais, tenho que morrer. Desde que publiquei Eureka, não tenho desejos de seguir com vida. Não posso terminar nada mais. Pelo teu amor era doce a vida, mas temos de morrer juntos (...) Desde que me encontro aqui estive uma vez na prisão por embriaguez, mas naquela vez eu não estava bêbado. Foi por Virginia."
—A Maria Clemm, 07/07/1849[20]
Na última, entretanto, escrita três semanas antes de seu falecimento, mostra um aspecto contrário:
"Os jornais têm me elogiado; em todas as partes me recebem com entusiasmo."[21]
Cronologia
Daguerreótipo de Poe um ano antes de sua morte em Baltimore.
Em 27 de setembro de 1849, Poe partiu de Richmond, Virginia, para se dirigir à sua casa em Nova Iorque. Não existem provas fiáveis sobre seu paradeiro até que, uma semana depois, em 3 de outubro, foi encontrado delirando nas ruas de Baltimore, em frente à Ryan's Tavern ("Taverna de Ryan"), também chamada de Gunner's Hall ("Salão do atirador").[22] Um impressor chamado Joseph W. Walker enviou uma carta para o Dr. Joseph E. Snodgrass, conhecido de Poe, pedindo ajuda:[1]
Estimado senhor - Há um cavalheiro, muito mal vestido, no 4º distrito de Ryan, que se chama Edgar A. Poe e que aparenta estar muito angustiado e ele que ele é conhecido seu, e eu lhe asseguro, ele está necessitando de assistência imediata. Apressadamente, Jos. W. Walker[2]
Depois de ler a carta, Snodgrass se apressou em se dirigir à taverna, cruzando a cidade sob uma chuva outonal de outubro.[23] Posteriormente ele declarou que a carta dizia que Poe se encontrava "em um estado de intoxicação bestial",[nota 1] mas isso não é confirmado, já que a original dizia meramente "afligido".[1]
Em sua declaração, Snodgrass descreveu o estado de Poe como "repulsivo", relatando que tinha seu cabelo despenteado, gasto, sua cara sem lavar e olhos "vazios e sem brilho". Sua roupa consistia em uma camisa suja sem terno e sapatos não lustrados, estava gasta, e não era do seu tamanho.[24] Posteriormente, Snodgrass decidiu levá-lo ao hospital da Universidade Washington, onde foi atendido e tratado pelo médico de plantão, o Dr. John Joseph Moran.[25]
Moran dá uma descrição detalhada sobre a aparência de Poe naquele dia, que concorda com a dada por Snodgrass: "uma velha e manchada jaqueta, calças em um estado similar, um par de sapatos gastos com as solas gastas, e um velho chapéu de palha".[nota 2] Poe nunca esteve suficientemente coerente para explicar como chegara a se encontrar em situação tão desesperada, e se crê que as roupas que vestia não eram suas,[24] especialmente porque ele não estava acostumado a usar vestimentas gastas.[26] Contudo, em uma carta escrita precisamente ao final de sua vida, o poeta parece contradizer esta última afirmação: "Têm-me convidado muito a sair, mas raras vezes aceito, devido a que careço de um traje adequado".[27]
Moran cuidou de Poe no hospital da Universidade Washington, em Broadway e na rua Fayette.[nota 3] Vendo que era um cavalheiro, o alojou em uma casa próxima a seus aposentos, e sua esposa, Mary, costumava visitá-lo,[25] e quando escutou que Poe se encontrava agonizando, foi receber suas últimas instruções, no caso de que ele tivesse algum bem tangível. Foi então que Poe lhe perguntou se restava alguma esperança. Ela lhe respondeu que seu esposo acreditava que ele estava muito doente, e Poe retificou: "Não quero dizer isso. Quero saber se há esperança para um miserável como eu mais após esta vida."[28][29][nota 4]
Ao escritor foram negadas visitas e ele foi confinado em uma habitação similar a uma prisão, com janelas com barras em uma seção do edifício reservada para alcóolatras.[30] Diz-se que, na sua agonia, Poe chamou repetidas vezes um tal "Reynolds" na noite antes de sua morte, mas ninguém foi capaz de identificar a pessoa à qual ele se referia. Uma possibilidade, segundo recorda, entre outros, Julio Cortázar, é que ele tenha relembrado seu encontro com Jeremiah Reynolds, um editor de jornal e explorador que poderia haver inspirado a novela O Relato de Arthur Gordon Pym.[31] Outra possibilidade é que o escritor chamasse por Henry R. Reynolds, um dos juízes que supervisionavam a votação do 4º distrito na "Taverna de Ryan", que poderia ter conhecido Poe no dia da eleição.[32] Também é possível que estivesse chamando por "Herring", já que tinha um tio político em Baltimore chamado Henry Herring. De fato, em testemunhos posteriores, Moran evitou referir-se a Reynolds, mas mencionou uma visita de uma tal "senhorita Herring".[33] Também sustenta ter tentado animá-lo em uma das poucas ocasiões em que Poe acordou, dizendo-lhe que logo desfrutaria da companhia de seus amigos, ao que Poe supostamente respondeu: "O melhor que seu amigo pode fazer é estourar os miolos com uma pistola."[34]
No estado de angústia de Poe, ele fez referência a uma esposa sua em Richmond. Estas palavras poderiam ser fruto de uma alucinação em que sua esposa Virginia vivia, ou poderiam se referências a Sarah Elmira Royster, a quem Poe havia proposto casamento recentemente. Não se sabia o que havia ocorrido com seus pertences; posteriormente, foi constatado que haviam sido esquecidos na Swan Tavern, em Richmond.[30] Moran declarou que as palavras finais de Poe foram "Lord, help my poor soul" ("Senhor, ajuda a minha pobre alma"), antes de morrer em 7 de outubro de 1849.[35][29]
Credibilidade de Moran
Já que Poe não teve visitas, Moran foi provavelmente a última pessoa que o viu nesses dias. Ainda assim, sua credibilidade tem sido questionada repetidamente, além de a história que ele conta ser considerada em seu conjunto como não fidedigna.[3] Posteriormente à morte de Poe, e através dos anos, sua narrativa variava a cada vez que escrevia ou falava sobre o tema. Por exemplo, em 1875, e novamente em 1885, declarou ter contatado a tia e sogra de Poe, Maria Clemm, imediatamente depois de sua morte para informar-lhe do ocorrido; na verdade, ele somente lhe escreveu após ela ter solicitado, em 9 de novembro, mais de um mês após a morte de Edgar. Também afirmou que Poe havia dito, quase poeticamente, enquanto se preparava para lançar seu último suspiro: "Os arqueados céus me rodeiam, e Deus tem seu decreto escrito legivelmente sobre as frontes de todo ser humano criado, e os demônios encarnados, seu objetivo será embravecer as ondas de vazio desespero."[nota 5] O editor do New York Herald, que publicou essa versão da história de Moran, admitiu: "Não podemos imaginar Poe, inclusive enquanto delirava, construindo [essas frases]."[nota 6][36]
As declarações de Moran também trocam as datas. Em diferentes momentos, ele afirmou que Poe foi levado ao hospital em 3 de outubro às 17 horas, ou em 6 de outubro às 9 horas, ou em 7 de outubro (o dia em que morreu) às "10 em ponto da noite". Para cada uma das declarações publicadas, afirmava ter os registros do hospital como referência.[37] Uma busca dos ditos registros, realizada um século mais tarde, que buscava especificamente um certificado de óbito oficial, não conseguiu encontrar nenhum documento.[38] Alguns críticos atribuem as inconsistências e erros de Moran a um lapso de memória, a um inocente desejo de idealizar, e inclusive à senilidade. Ele tinha 65 anos na data de escrita e publicação de sua última declaração, em 1885.[37]
Causa da morte
Poe foi enterrado originalmente na parte de trás do cemitério de Westminster, sem uma lápide. A da imagem marca hoje em dia o lugar original.
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Poe, pedindo ajuda:[1]
Estimado senhor - Há um cavalheiro, muito mal vestido, no 4º distrito de Ryan, que se chama Edgar A. Poe e que aparenta estar muito angustiado e ele que ele é conhecido seu, e eu lhe asseguro, ele está necessitando de assistência imediata. Apressadamente, Jos. W. Walker[2]
Depois de ler a carta, Snodgrass se apressou em se dirigir à taverna, cruzando a cidade sob uma chuva outonal de outubro.[23] Posteriormente ele declarou que a carta dizia que Poe se encontrava "em um estado de intoxicação bestial",[nota 1] mas isso não é confirmado, já que a original dizia meramente "afligido".[1]
Em sua declaração, Snodgrass descreveu o estado de Poe como "repulsivo", relatando que tinha seu cabelo despenteado, gasto, sua cara sem lavar e olhos "vazios e sem brilho". Sua roupa consistia em uma camisa suja sem terno e sapatos não lustrados, estava gasta, e não era do seu tamanho.[24] Posteriormente, Snodgrass decidiu levá-lo ao hospital da Universidade Washington, onde foi atendido e tratado pelo médico de plantão, o Dr. John Joseph Moran.[25]
Moran dá uma descrição detalhada sobre a aparência de Poe naquele dia, que concorda com a dada por Snodgrass: "uma velha e manchada jaqueta, calças em um estado similar, um par de sapatos gastos com as solas gastas, e um velho chapéu de palha".[nota 2] Poe nunca esteve suficientemente coerente para explicar como chegara a se encontrar em situação tão desesperada, e se crê que as roupas que vestia não eram suas,[24] especialmente porque ele não estava acostumado a usar vestimentas gastas.[26] Contudo, em uma carta escrita precisamente ao final de sua vida, o poeta parece contradizer esta última afirmação: "Têm-me convidado muito a sair, mas raras vezes aceito, devido a que careço de um traje adequado".[27]
Moran cuidou de Poe no hospital da Universidade Washington, em Broadway e na rua Fayette.[nota 3] Vendo que era um cavalheiro, o alojou em uma casa próxima a seus aposentos, e sua esposa, Mary, costumava visitá-lo,[25] e quando escutou que Poe se encontrava agonizando, foi receber suas últimas instruções, no caso de que ele tivesse algum bem tangível. Foi então que Poe lhe perguntou se restava alguma esperança. Ela lhe respondeu que seu esposo acreditava que ele estava muito doente, e Poe retificou: "Não quero dizer isso. Quero saber se há esperança para um miserável como eu mais após esta vida."[28][29][nota 4]
Ao escritor foram negadas visitas e ele foi confinado em uma habitação similar a uma prisão, com janelas com barras em uma seção do edifício reservada para alcóolatras.[30] Diz-se que, na sua agonia, Poe chamou repetidas vezes um tal "Reynolds" na noite antes de sua morte, mas ninguém foi capaz de identificar a pessoa à qual ele se referia. Uma possibilidade, segundo recorda, entre outros, Julio Cortázar, é que ele tenha relembrado seu encontro com Jeremiah Reynolds, um editor de jornal e explorador que poderia haver inspirado a novela O Relato de Arthur Gordon Pym.[31] Outra possibilidade é que o escritor chamasse por Henry R. Reynolds, um dos juízes que supervisionavam a votação do 4º distrito na "Taverna de Ryan", que poderia ter conhecido Poe no dia da eleição.[32] Também é possível que estivesse chamando por "Herring", já que tinha um tio político em Baltimore chamado Henry Herring. De fato, em testemunhos posteriores, Moran evitou referir-se a Reynolds, mas mencionou uma visita de uma tal "senhorita Herring".[33] Também sustenta ter tentado animá-lo em uma das poucas ocasiões em que Poe acordou, dizendo-lhe que logo desfrutaria da companhia de seus amigos, ao que Poe supostamente respondeu: "O melhor que seu amigo pode fazer é estourar os miolos com uma pistola."[34]
No estado de angústia de Poe, ele fez referência a uma esposa sua em Richmond. Estas palavras poderiam ser fruto de uma alucinação em que sua esposa Virginia vivia, ou poderiam se referências a Sarah Elmira Royster, a quem Poe havia proposto casamento recentemente. Não se sabia o que havia ocorrido com seus pertences; posteriormente, foi constatado que haviam sido esquecidos na Swan Tavern, em Richmond.[30] Moran declarou que as palavras finais de Poe foram "Lord, help my poor soul" ("Senhor, ajuda a minha pobre alma"), antes de morrer em 7 de outubro de 1849.[35][29]
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